quarta-feira, 10 de junho de 2020

Prática 1




Os olhos marejaram ao fim da prática.
Acolho o sentimento e procuro entender o que se passa.
Não é porque tô chorando que é algo ruim.
Talvez esteja voltando a sentir o que foi travado pelo mosquito que me ronda a cabeça todos os dias. E pela dose diária de realidade que me é servida há mais ou menos 2 anos.
Sinais de melhora?
Não sei. Não posso saber.
Só quero enxergar isso que tá acontecendo sem julgar.
Somente ver o que se passa.

"Felicidade não existe
O que existe na vida são momentos felizes"
(Odair José)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

1515959


tá muito pesado
quero controlar mas não consigo
a desistência tá rondando a minha cabeça e não quero me abrir com ninguém
não quero que ninguém sofra
mas eu to sofrendo
e muito
preciso de apoio
preciso de ajuda
não to dando conta sozinho
nunca pensei em que chegaria ao ponto de não ver saída
e agora, não to vendo

tira de mim esses pensamentos
só quero ficar tranquilo
estável na maior parte do tempo
e não é o que tá acontecendo

bate as 8h e eu já me sinto um merda
às 8 e meia quero me desligar
às 9 a taquicardia já fez o peito pular pra fora
e se passa dessa hora, já não sei

me desculpa
não consegui

quero tentar mais
mas to sem forças

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O caminho


A gente passa pelo mesmo rio várias vezes.
Nem por isso a travessia será mais fácil do que as anteriores.
No entanto, nós, enquanto água, carregamos a essência de cada galho, grão de areia, peixe e margem que tocamos.
Eles sempre estarão conosco.
Mesmo enquanto incolor, sabemos o valor.
Não cabe o choro
Cabe o medo
Não morda o dedo
Sorria o dobro
Entendemos então que, chorar na água não distingue tristeza de felicidade
Perdemos a maldade e não importa a idade
Seremos sempre o mesmo elemento
Água
Fluida
Bate em pedra bruta
E molda a vida, através da luta

Prepara o coração e te acalma
Porque a onda vem
Seja forte, firme!

A porrada é forte se a gente não se preparar
Às vezes não dá pra ver a onda chegando mas a gente pode conhecer o mar, a maré
E principalmente, precisamos respeitar o mar.

Lembro dos meus pais e tias sempre me falando pra não das as costas pro mar.

Tento ir além disso
Amar o mar e confiar tanto ao ponto de conseguir boiar em águas turbulentas.
E se a onda me pegar desprevenido, me viro e pego jacaré!

Normal sentir medo.
O mar assusta.
Mas eu tô aqui.
Me dá a mão.
E se precisar, me use de prancha.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Aquele casal do ônibus


Seu olhar já não é mais cristal
Sem brilho, sem transparência
Não irradia o meu

Seu sorriso não parece mais comercial de creme dental
Sem brilho, sem imponência
Não parece que é teu

O que que tinha fora da nossa caixa?
O que que a gente fez? O que que a vida traz?
Permanecer num barco num mar em calmaria não resolve meu dia

Conta meu encanto quando te vi
Conta no meu canto, quantos cacos restam de ti
Leva a poeira que ficou
Sai pela porta de trás, nem eu quero te ver saindo

Eu nem quero te ver

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Volta!?

Entre fórmulas e formulários
Ele anseia ser o seu escapulário
Ficar em teu peito
Proteger seu leito
Lembra daqueles dias no carro
Vidros embaçados, gemidos sufocados
E ela querendo o engolir por inteiro
Sem cerimônia, parcimônia, pudor
Furor, ser inteiro teor

Tudo começou com um beijo de despedida
Sem pressa e desejando que o tempo voltasse
A mão, tremula, subiu decidida
Das costas pra tua nuca, seus cabelos, o enlace
O arfar aquece meus ouvidos e sentidos
Gemidos, sinos, cisma de querer seu pescoço
Vontade de morder, arrancar sua roupa
Mergulhar no céu, como falcão
Predador
Faminto
Sem controle

Respiro fundo

A mão agora desce e passeia pelo teu colo
Entre teus seios
A vontade é de tocá-los imediatamente, mas me seguro
Contorno, desço pela barriga e acaricio suas costas
Sinto o suor através do seu vestido
O calor não nos impede e seu olhar, me come vivo
A mão continua descendo até tocar seus pés
Seus beijos me dão certeza de que posso continuar
Que pertenço a este lugar
Então invado teu vestido e tomo tuas pernas
Pele macia
Sinto seu corpo se inclinando e nos jogamos pro banco de trás.
As janelas já suadas guardam seu corpo só pra mim
Decoro cada pinta, cada detalhe, cada sabor
Mato a sede com teu suor
A fome, com teu corpo
Nos entregamos
Nos abraçamos
Nos amamos
Nos derrotamos fisicamente

O dia amanhece e lembra que preciso dar um pulo em casa antes de voltar pro seu sorriso
E então acaba o fim de semana. Conto 5 dias e volto correndo pro meu céu de estrelas vermelhas e marrons.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A fórmula secreta

Sempre tento ser uma pessoa melhor, falando o necessário na hora cabida.

Mas em momentos como esse, nunca sei o que dizer.

Agradeço por não conseguir imaginar o seu sofrimento. Os meus estão bem e os quero por aqui por muito tempo, assim como sei que você queria a sua por perto. Acontece que a gente não escolhe a hora da partida e não ter poder sobre esse fato nos deixa sem saber como agir. É uma situação nova. Nunca vamos estar preparados pra isso e até o mais fortes dos titãs tem o direito e dever de ajoelhar e chorar. Se permitir o desespero por um curto tempo.

É foda!

Não dá pra segurar. É tipo sacudir uma garrafa de Coca e tentar abrir sem derramar.

Por isso, entendo que temos que deixa-la quieta. No seu canto, sem nenhuma interferência até que todo o seu sentimento fique controlado e que a garrafa seja aberta sem explodir e derramar.

Eu sei... Depois que sacudimos o refrigerante, ele nunca mais vai ter o mesmo gosto. Essa é uma das formas as quais imagino as pessoas nessa situação. Você não tem mais aquele gosto de antes. Parte do seu gás se foi e até você recuperar um pouco disso, demora um tempo desconhecido.

Mas não se esqueça de que assim como a Coca, nós nunca vamos perder a nossa fórmula secreta. Nosso ingrediente principal sempre vai estar lá, mesmo que invisível aos olhos comuns. Nunca vai sair das nossas veias porque esses ingredientes indivisíveis são os que constroem nossa essência. Nós somos nós, temos identidade, por eles.

Espere as coisas acalmarem, se feche pelo tempo que achar necessário, aperte bem a tampa para que nada saia sem controle. Durante o jantar as pessoas vão ficar te cercando, querendo arrumar um jeito de não perder nenhuma parte de você. Mas não tem jeito. Não tem controle. Fique calma, o jantar vai passar, as pessoas vão beber água, a vida vai seguir e você vai ter toda madrugada pra se acalmar.

Pela manhã, aquele menino vai te procurar pra acompanhar a pizza. Pizza com Coca de manhã é uma das melhores coisas que existem!!!

E assim vocês vão se completar. Um coração vai acalentar o outro e tudo vai começar a se adequar a essa nova fase da vida, que fingimos que nunca vai acontecer.

A vida segue e a gente tem que catar os cacos e voltar ao vagão.

Vamos em frente.

To aqui, se precisar.


“Ela me disse pra sorrir
Mesmo enquanto chover
Ganho um dia a mais
Perderia os sentidos sem te ver
Colho os frutos que me cabem
Durmo e apago a luz

Quando dei por mim, já não tinha tanto medo de seguir”

Autora (Dudu martins/Lucas Freitas)

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Emoldurado

Caçando motivos pra imaginar que a vida não é brisa
Sempre inverto escritas
Coisas ditas em lugar nenhum

Tão bom seria se eu fosse o quarto homem da tua vida
O colo pra testar o teu batom

Querer te embalar numa canção
Sobre um cachorro num apartamento
E nós dois num colchão

E esquecer
Que eu trabalho na segunda-feira
Oh não…

Maturar nosso lar
Montar teu quadro em mim
Pro teu olhar
Sou moldura pra ti
Amar cura, em si

Semear meu beijar
Testar teu corpo
Em ti, eu me plantar
Sou moldura pra ti
Amar cura, em si

Querer seu toque sem limites
Precipite o ato
Não edite é fato que eu penso depois
O torque do peito ao te ver sorrir
Revela o quase implodir
Eu rio e choro por nós dois

Não ser pesar
Pensar que eu sou inteiro por você

Em suas mãos

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Barco

1 passo adentro
1 peça de roupa a menos
As mãos já não respeitam a cartilha pontilhada
Vagam
Intuitivas pela tez lisa e se fecham
O desejo quase arranca pedaço
O rosto contrai
Depois sorri
Reciprocidade
Encaixe
Quero mais horas
Sem dormir
Só sentindo
você me navegar
Doma e retoma o que é teu
Dona, me refaz, todo ao seu
Jeito
Adormecemos
Entorpecidos
As peles se confundem
E sono se vai
Retorne a primeira cena

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Evoé

Fico tão pequeno diante do baque do mundo
Paraliso, mudo tom e olhar
Nesse tempo que antecede
Aflora a pele, o riso, o choro
Minh’alma me repele
Me apego ao berço ao rosto
Daqueles que sempre servem
A cerva, o encontro, o abraço
Mas nada me tira esse laço
E esse nó cego sufoca
Na toca, me recolho
Mundo cheio de gente feliz
As que prevalecem, tão vis
Pena ser pro mal
Sufocada, morreu minha moral
Só facada, cada olhar, um punhal
Soterrada, minha esperança de tudo mudar
Me despeço
Vou brindar com Baco e pensarei em vocês

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Bom dia

Muito mais que eu espero
Alimenta a minha condição de
Refem do seu sorriso
Imaculado, o meu pedido
Latente, o meu desejo
Indecente, o que penso
Até que chegue a sexta-feira

sábado, 29 de novembro de 2014

São eu

A força
A fruta
O côco
Não
Se abre fácil
O riso
Sem ar
Juízo
Valores
Sem pudor
Evita dores
Dois
Amores
Dois quartos
Ao lado
Sempre
Atento
A tudo
A todos
De nada
Leva
Sem precisar
Leva
Sem questionar
Leva
Pra amenizar
Leva
Se precisar
E traz
Todos pra perto
Atrás
Do que é
Certo
De que meu sorriso
É dela
E dele
Ganho a força
E dela
Ganho a flora
Gama de cores
Cheiros
Amores
Não reconheço
Dores
Nessa relação
Só há um fluxo
Círculo de sentimentos
Sem quinas
Deixamos as binas
Confiamos
Olho no olho
Peito contra peito
Abraços em nó
Lágrimas
Só por
Nós
Na garganta ao ver
Nascer o ponto
O porto
O tordo
E parto
Viajo
E torno
Acredito
E o sorriso
Me leva
Nova a mente
Me pega
E apaga
O que resta
Sobras
Vão fora
Medida exata
E exala
O sentir
O medir
O transmitir
E o viver
Agradecer
Três pilares
A formação
Mais forte
Por sorte
São
Eu
Sou.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Flor

Conheci uma flor que se mostra cada vez mais linda.
Hoje, durante um passeio pelo jardim, novamente parei pra conversar com ela e fiquei sabendo mais detalhadamente das pragas que tentam acabar com o colorido das pétalas.
E é tão incrível ver como um ser tão pequeno e frágil pode reagir dessa forma a coisas tão pesadas, a adversidade que a vida apresenta não é compatível com o escudo que ela aparenta carregar. Cada baque, cada entrave, cada porta que se fecha… E ela permanece sorrindo.
Fico sabendo de tantas histórias de vida incríveis. Tanta gente que luta pra ter um mês a mais.
Ela me disse que tenho que viver tudo intensamente. Fazer tudo o que tenho vontade e não deixar de falar nada que penso. Dar valor a tudo e a todos os momentos. Não me sentir culpado por sentir a todo momento a flor da pele. Sentir sem esperar retribuição. Ir além. Buscar sempre mais. Parcelar no cartão mas não deixar de ir a lugar algum que possa me trazer um sorriso. Abraçar e não soltar. Ela riu quando me viu cheirando minha própria mão e sentindo o perfume daquela que me toma a cabeça. E disse pra não lavar a mão. Pra me entregar ao vício desse cheiro. Pra não esperar pra responder mensagem alguma. A não desistir da banda. De persistir e tocar no dia 7.
Tudo isso, sem saber nada da minha vida. Simplesmente contando sobre sua praga.
Tão difícil ouvir.
Tão fácil sorrir ao ver a felicidade dessa menina.
Alguém que quero guardar por perto. Pra cuidar e ouvir sempre que precisar.
Desejo que tudo dê certo nessa luta. To aqui pra cuidar do jardim se precisar.

domingo, 2 de novembro de 2014

Ar

Me espera
Eu te quero, mas preciso me entregar inteira
Ainda recolho cacos e minha tela ainda é feita de fractais
Seu calor me funde das brechas as beiras
Mas o toque final, só eu posso fazer, sem manuais

Me eleva
Sinto que você sente
E acho lindo isso pulsando em suas veias
Você se expõe, sem censura, se faz presente
E me faz rir, falando de pochetes ou de um par de meias

As vezes sonho alto
E acabo revelando um futuro que quero
Tento me conter, engulo palavras, sobressalto
Abro mão, da insegurança, medo e dor
Sem medir dor, te dou valor
Quero ser o seu torpor, ardor, amor

Que o meu amanhecer, seja o seu sorriso
Morder sua nuca, perder a respiração, beijar o seu umbigo
Que o meu abraço magro seja o teu abrigo
Morder tua nuca, boca, pé e mão
Ser o seu colchão

Não escolhi o tempo, nem espaço, nem você
Mas abandonei o “se”
Deita aqui no meu colo, desliga a TV

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

3x4

Tudo em seu tempo
Tudo em seu lugar
E o todo se mostra lindo

Só sinto o que me cabe
Abaixo a pulsação
E findo o dia sorrindo

A gente aprende a ser o que pensa não ser capaz de ser
E ver que não é errado seguir
Não se prometer
Caminhar, sorrir

E trilhamos com calma
A alma leva o corpo
E o corpo não quer deixar a cama
E beijo sua palma
Sua boca é o topo
E qualquer palavra se torna anagrama

E toda cor é azul
E todo beijo é o primeiro
E sou novamente, por inteiro

E toda flor é azaléia
E toda textura é sua pele
Que todo abraço, afivele

E todo cheiro é doce
E mesmo que não fosse lembraria do aroma
E toda viagem é curta
E todo o tempo que tenho, a ansiedade me toma

E todo o abraço não dura o suficiente
E todo fato é recente
E todo riso, indecente
E todo eu, aparente

E todo filme é curto
Todo domingo tá longe
Não sei se roubo ou furto
Se sou devasso ou monge

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Preciso musicar isso

querer tudo é não querer
nada é perceber que nada
é pior que tudo e qualquer
coisa é melhor que nada
é melhor do que não querer
tudo é querer uma coisa só
pois para ser feliz é preciso
querer uma coisa só e saber
deitar ao lado dela – quieto.


Gregório Duvivier

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Canto I

Há tanto tempo quero tornar isso real, que me perco quando sinto tua boca
A mente ainda julga ser improvável essa realidade.
E às vezes trava. Paro de pensar. Com você ali. Não há espaço entre os corpos A vontade é de ocupar cada pedaço da tua pele. Competir espaço com as sardas.
O desejo é tanto, que não controlo os dedos, quando longe. E mando pedaços de mim... por textos... mensagens... pensamentos...
Aqui dentro, nunca para!
Tento me segurar. Segurar tudo aqui dentro. Mas não dá.
Seu sorriso logo me aparece. E me vejo acordando às 6:30 da manhã de um sábado, só pra ter mais tempo pra pensar em você. E agora? O que eu faço com isso tudo aqui? Não posso mandar fechar a fonte. Tá tudo tão escancarado... Tão depravado... Tão sem controle, que não tenho mais como segurar. Vou declarar.
Descer a serra sem freio e ver no que dá.
Me segura! Não me deixa bater muito forte. Não sei usar airbag ou cinto de segurança.
Atualmente, só quero usar você.
Corro pra ver teu sorriso. Luto pra me despedir.
Te soltar do abraço me gera incerteza. Quero me sentir seguro, inteiro.
Mas pra isso, preciso de você inteira... completa... consigo mesma.

Quando você vier pra mim, vista aquele seu vestido azul que você nem sabe que eu gosto.
Realça seus olhos, que me deixam nu. Sem máscara, armadura, tristeza e mágoa.
Só fica a pureza.
Obrigado por me fazer sentir isso.

Realmente, sou um cara de sorte.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Obra

Esses olhos me açoitam dia e noite
Tanto que, minha referência da cor azul deixou de ser o céu
Em lapsos de memória, revivo de forma alearia... você
Contratos, distratos, treinamentos, reuniões...
E no meio disso tudo, consigo sentir novamente minha boca nos teus dedos
Seus beijos percorrendo meu rosto e o meu sorriso incontido perde a timidez
A essa altura, já perdi alguns sentidos. Não tenho audição... olfato... visão...
Tudo ao meu redor some e o dia de hoje vira a noite de ontem.
E então desejo o tato... o paladar... Salivo por tua boca.
Volto a realidade e busco o celular, digito um quilômetro lutando contra o maldito corretor
E... apago.
Não quero te assustar.
Mas é tanta coisa boa se passando aqui dentro, ao mesmo tempo, que quero compartilhar contigo.
Viver tudo assim, tão plenamente...
Sou um cara de sorte.