sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Não brinque comigo!




Não brinque comigo
Tudo foi brincadeira, tudo o que falamos, tudo o que imaginamos, tudo o que faríamos se não fosse uma brincadeira.
Quando eu disse que podia, quando eu disse que queria, quando eu disse o que sentia por você. Foi brincadeira seus braços estendidos como se fossem fechar em mim, minha doação de pernas pela sua linguagem, quando avisei que os pássaros morreram no mesmo dia nas gaiolas da janela e que o silêncio era agora insuportável, porque o silêncio lembrava o que ele substituiu.
Tudo foi brincadeira, um homem aceita que é brincadeira, mente que é brincadeira, porque a mulher perguntou se ele estava falando sério, a mulher desacreditou dele no exato momento em que ele mais acreditava, no momento em que ele treinava o sopro, no momento em que iria expor que a amava, no momento em que ele reaprendia a confiar.
Antes de levar o fora, o homem dá o fora em si.
Tudo foi brincadeira, o homem vai esclarecer, o homem vai se arrepender, o homem vai disfarçar para se proteger, para não se diminuir, fechará a mão com o alpiste dentro, com a carta latejando dentro e ninguém mais decifrará a sua letra.
Fracassará mais uma vez em sua esperança.
Ficará mais uma vez com sua reputação.
Ele aceitará o riso a contragosto, voltará atrás como quem é flagrado roubando a mãe.
Ela dirá: ainda bem.
Ele dirá: não tinha como ser verdade.
Ela vai confessar que levou um susto.
Ele pedirá desculpa pelo mal-entendido.
Ela vai suspirar de alívio com o engano.
Ele vai fingir que não pensava diferente.
Ela vai afirmar que só o enxerga como amigo.
Isso vai doer nele, vai doer nele não ser o homem certo para ela e tentará não mostrar que está sangrando.
Seguirá caminhando com a cabeça erguida até o fim da cicatriz, até que o joelho de sua boca canse de sangrar o mesmo sangue.
Tudo foi brincadeira porque ela zombou da possibilidade do amor e ele se acovardou e calçou novamente os sapatos e se viu nu enquanto ela ia e recolheu os cabelos que cresciam de seus cílios.
Tudo foi brincadeira, o pescoço de hortelã, as infâncias sentadas no portão de ferro controlando a cor dos carros, a fome esquecida para ficar mais tempo juntos.
Tudo foi brincadeira, as confissões, a cumplicidade, a intimidade.
O período em que fiavam seus segredos, que se confessaram como nunca antes, que se planejaram como noivos, que se abriram como amantes.
Tudo foi brincadeira, tudo será sempre uma brincadeira sádica, uma brincadeira cruel, quando apenas um dos dois estiver amando.

Texto extraído do livro: Canalha! Fabrício Carpinejar
Lindo livro, lindas crônicas.
Dica antiga de uma amiga distante e que prometeu me dar este livro mas... demorou tanto que comprei né?! ¬¬

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Teatro dos Lucas

“Sempre precisei de um pouco de atenção...”

Começa assim uma das minhas músicas favoritas de uma das minhas bandas favoritas. E começam assim alguns pensamentos meus. Escassos, confesso que estes estão se tornando. Tenho conseguido agradar meus dias, tardes e noites com momentos bem diferenciados. Sozinho, com meus irmãos ou entre amigos, velhos e novos. O pensamento muda e aprendo que o tempo passa e não volta. Aos poucos aceito e projeto um futuro melhor nos próximos minutos.
Na certeza de que terei dúvidas novas ao acordar, vou dormir tranqüilo incerto de que terei resposta pra essas dúvidas, mas certo de que sou capaz de seguir tranqüilo. Levando a vida tranqüilo. Sem medo da morte , sem medo do mundo... (Acho que isso dá música... RS)

Que assim seja!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Agora acabou


Se eu peco mais
É por me sentir livre como um sol
Me arde, mas esquento assim o mesmo lençol



Aprendi que o pra sempre nunca é eterno
E que o inverno é uma estação comum
Sorrisos brotam por trás da máscara de ferro
Espero e esmero pra não ser tão só mais um

E se o desfecho da história tardar em chegar
Enrola o enredo e faz do conto um romance
Escrevo páginas, páginas e tenho páginas a apagar
Não jogo tudo fora, reconstruo o agora
Será melhor do que o antes


Se eu perco mais
Me vejo assim: num lago, um anzol
Não me encontro mais
E o que senti acaba em sol bemol

O som das cordas traz sempre uma motivação
Motiva a ação de melhorar um coração
Focar em toda certeza que me faz crer
Fé que nos move e nos faz crescer

E se o desfecho da história tardar em chegar
Enrola o enredo e faz do conto um romance
Escrevo páginas, páginas e tenho páginas a apagar
Não jogo tudo fora, reconstruo o agora
Será melhor do que o antes