domingo, 23 de março de 2008

A Matilha


É muito raro, mas de tempos em tempos um lobo solitário, vagando por seu caminho, encontra outro lobo com esse mesmo Status. As afinidades vêm a tona muito mais rápido que os pensamentos vem a cabeça e aí, surge uma amizade. Essa amizade não pode ser abalada por nada! Nem por forças terrenas ou divinas o sentimento fraterno entre um e outro diminui. Mas instinto, é algo com que os lobos não podem lutar. Assim como os felinos aprendem a caçar por instinto, ou um bebê que reconhece a mãe quando aconchegado em seu colo pela primeira vez, o lobo solitário sente a necessidade de voltar a ser “sozinho” e diante de todas as afinidades como seu quase-irmão, surgem nano-diferenças, que com o passar do tempo, tomam dimensões gigantescas e antes do grande embate, cada um vai para um lado.

Sem brigas, discussões ou desavenças.

Infelizmente, nada é perfeito. Com o tempo de distância, surgem fatos não conhecidos durante os bons tempos que acabam magoando o lobo. Mágoas surgem. Até mesmo lágrimas podem escorrer pelo focinho do lobo. Mas nunca, em tempo algum, a memória do lobo se apaga. E apesar de aparentar ser um espécime frio e sem sentimentos, em certos momentos, lembra-se dos bons momentos em que compartilhou a sua vida com seu quase-irmão. Lembra-se também, de que talvez não fosse um só lobo que o encontrou ao longo desse tempo. Em certas ocasiões, acompanhado de seu amigo, encontrou vários outros lobos solitários, cada um com seu cada um, e mesmo assim, com todas as diferenças possíveis, estes formaram uma matilha dessas que a gente vê no Discovery Channel, trabalhando pelo bem estar do grupo, sem ao menos perceber o bem que estavam fazendo um ao outro.

A partir de um momento, a convivência torna-se tão difícil por conta de inúmeras pequenas diferenças, que a matilha separa-se e cada um segue seu rumo, como os dois lobos citados anteriormente.

De tempos em tempos alguns deles encontram-se. Em alguns dos casos o encontro é saudável para ambas as partes. Relembram-se dos tempos de matilha, compartilham novos acontecimentos em suas vidas e, as vezes, sentimentos que só sentem-se a vontade para demonstrarem entre os seus.

A partida é dolorosa, mas faz-se necessária.

E assim a vida segue com encontros e desencontros, mas em momento algum, o lobo solitário esquecerá de sua matilha e dos bons tempos vividos junto a ela.

Sinto falta de minha matilha.

Nas noites em que posso contemplar a lua, uivo para relembrar a matilha.

Um uivo a vocês que fizeram parte de minha matilha.

Até o próximo encontro.

3 comentários:

Mariana disse...

Bom texto... mas não se compare a um lobo solitário. Nós, seres humanos, somos bem mais complexos que eles, além de precisarmos do outro mais do que qualquer animal, por mais irracional que ele seja.

Unknown disse...

As vezes, faz-se necessário um afastamento da matilha, para perceber o quanto é vital a vida em grupo.
Encontre outras matilhas, sem esquecer daquela que te fez escrever este texto. Os outros lobos também estão sentindo falta do seu uivo
Kátia Siqueira

Anônimo disse...

Concordo com a Katia.As vezes precisamos nos afastar da matilha para perceber o quanto precisamos dela.E como ela disse,nunca esqueça da matilha antiga,mas procure uma nova.

Tá...depois do que ela disse,eu fiquei sem ter o que dizer o.o